Tecendo a Rede

O semiárido do estado da Bahia é uma região marcada por um histórico de dificuldades, muitas delas geradas pelo descaso político e pela manutenção do estereótipo uma região, naturalmente, improdutiva. Essa visão contribuiu para que o Sisal se tornasse um espaço de precário desenvolvimento social e carente de investimentos políticos.

Dentro deste cenário, a sociedade civil percebeu a necessidade de se organizar de forma coletiva e pensar em estratégias para melhorar a qualidade de vida das pessoas e, consequentemente, alavancar os índices sociais da região. O Coletivo Regional Juventude e Participação Social (CRJPS) é um dos resultados dessa mobilização. Fundado pela juventude em 2006, a entidade tem realizado intervenções em  áreas como ecolgia, desenvolvimento rural, político e econômico, mudando a realidade não só do Sisal, mas também de outros territórios do semiárido baiano.

Cada município desenvolve suas ações através do coletivo municipal, que é integrado ao regional. As intervenções acontecem em áreas de interesse para a juventude, mas que acabam por beneficiar toda a cidade. As principais conquistas da juventude estão relacionadas à ocupação de espaços estratégicos, como o Conselho Estadual de Juventude (CEJUVE); intervenção nas políticas orçamentárias municipais e estaduais e realização de projetos, que envolvem formação profissional, mobilização, valorização cultural e regional.

Estes jovens contam também com o apoio financeiro e gestor de organizações do terceiro setor, que têm o Sisal e o semiárido da Bahia como foco de suas ações. A maior parte desse apoio vem de financiamento de projetos submetidos pela juventude à apreciação destas organizações. Projetos que viabilizam formação e troca de experiência no que tange à  metodologia e valorização das potencialidades locais, além de contribuir para geração de trabalho e renda nos municípios.

Dessa forma, a juventude do semiárido assume um papel importante na reconfiguração da região e cria oportunidades concretas de desenvolvimento, fazendo com que o local, antes visto como um espaço de seca e miséria, passe a ser considerado como um local símbolo de luta pela cidadania.