Na cidade de Retirolândia, a 227km de Salvador, a criançada não brinca em serviço, e isso não tem nada a ver com a campanha contra a exploração do trabalho infantil. É que a garotada anda botando a boca no trombone, ou melhor, no microfone, através do projeto Comunicação pelos Direitos, que mobiliza crianças de 10 municípios do Território do Sisal para trabalhar com rádio-poste, fanzines e jornais-murais nas comunidades onde moram.
Os radialistas mirins abordam temas como violação dos direitos da criança e do adolescente, exploração sexual e trabalho infantil, e entrevistam pessoas das comunidades para falar sobre os assuntos, além de disponibilizarem uma programação cultural. O sucesso da iniciativa é tanto que outras crianças aproveitam o intervalo da aula e correm para a rádio para mandar um alô para os pais.
Segundo o jovem Laudécio Silva (foto), um dos gestores do projeto na comunidade de Lagoa Grande, “o objetivo dessas rádios é mobilizar a comunidade para que ela possa falar e se articular a partir dela”. Laudécio acrescenta, ainda, que as comunidades foram escolhidas de forma estratégica, buscando contemplar aquelas que estão mais distantes da sede, tornando-se alvo de práticas de exploração contra crianças e adolescentes.
O projeto envolve, também, os conselhos tutelares dos municípios através de intercâmbio entre eles, que elaboram, a partir das ações dos projetos, um relatório sobre a realidade das localidades. Além dos temas relacionados à criança e a juventude, algumas comunidades trabalham outros assuntos ligados à realidade local, como aconteceu com uma comunidade quilombola, que abordou o direito à diversidade cultural e religiosa e conseguiu chamar a atenção dos moradores sobre a importância do respeito às diferenças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário